Poesia Permanente

"a forma de escrever é provisória, a poesia é permanente" Rosa Lia Dinelli

Ela se fantasiava da mais pura incor

E os olhos interligados em outros

Barreiras permissivas da maçã

O pomar repleto de frutos

E os frutos pecaminais tão verdes

Intocáveis a cair

Ela apenas lustrava as maçãs

Os olhos na vitrine à se seduzir

Pelas falas quadriculadas em poucos lençois

Frutos verdes, intocáveis e tão duros de seduzir

Caindo cintilantes aos olhos da madrugada

De um último suspiro realizado!

O que há nesse hemisfério?
Torres
Tratados
Linhas fictícias
Veracidades mórbidas
Estréias
Estupidez?

Tire essa interrogação do fim
Exclame a tudo que houver de ruim
E apareça
Desapareça do mundo
Do seu mundo obsoleto e desconcreto
E relembre, esqueça
Reapareça de um sono profundo
Com os frutos maduros nas hastes do mundo
Abra o olho
Sabotagem.

Não me exalam mais
Odores secos
Da libertina liberdade

Somente me enlaça
A prisão da felicidade sublime
O duplo piscar

E as órbitas
D'antes focadoras da constelação
Agora miram a deitar-me
Num colchão do universo lunar

Não me exalam mais
Odores libertinos
Da seca liberdade.

Eu não sei por onde
Ele se foi todo volátil
Não era quente nem era frio
Aquele vento sufocante

Sei que logo após
Caiu a chuva tenebrosa
Gloriosa e radiante
Levou tudo e tudo lavou

Agora é um novo estendido
Novos passos, novos rítimos
Novo fôlego a faltar
Mas sobra espaço tão gigante
P'rum caminho delirante
Tudo novo recomeçar
De novo a guiar

Eu não sei por onde
Ele se foi
Sei que logo após
Caiu a chuva

Não era quente nem era frio
Gloriosa e radiante
Levou tudo e tudo lavou.

A Bruno Almeida (270308)

Há um dragão
Nas profundesas
No âmago
No ítimo desse abismo sem fim

Quando adormecido
A ira dionisiaca é despertada
Tanto quanto a furia de Eros
Mas ainda adormece o dragão

Quando acordado
Adormece à solidão inicial
Ímpar dos aléns
Nunca morre o dragão?

Esquecerás meu perfume
Como quando no inverno
Que se apaga do corpo
O calor do verão

Esquecerás do meu calor
Como quando se mergulha
Profundamente no mar
Da primeira manhã

Esquecerás de um futuro
Como quem esquece
Que os porques são apenas um
Na atualidade

Só não esquecerás do meu sorriso
Pois este foi inventado...
Arquitetado e naturalizado
Para quando visto o rosto teu.

Queimou meus lábios
Queimou meus dias
Minhas falas e minhas cores
Queimou meus corredores silenciosos

Incendiou minha cachaça
Incendiou minha fumaça
Meus vicíos de nada vezes nada
Incendiou meu peito sem acidez

Comeu a minha língua
Comeu o meu futuro
Meus projetos tão egocentristas
Comeu até meu sobrenome

E que passe o resto dos dias a me consumir
Nesse ciclo infinito...

A Bruno Almeida

De quando o tempo nos separa
Eu conto o as horas como um segundo
Milésimo a milésimo como de zero a um

De quando me deito para o tempo nos unir
Eu fecho os olhos como quem pisca do cisco
Para abrí-los de frente aos teus

Eu só espero o tempo
Pois ele é meu também
É nosso codinome!

A Bruno Almeida

De tanto em tanto contos
Em que prato anda essa fome
Se os talheres dessa rédea
São guiados pelas forças populares

Em que pátio astia-se a bandeira
De cada leme em sua mão
Se o timão da embarcação do mundo
É programado a navegar contra o universo

Por isso me rasgo
Me armo
Me alço
Me farto de tudo e de todos
E me jogo em queda livre
Nesse poço
D'onde todos dizem se fartar de água
Mas ainda caio
Sem ao menos ver um fim.

Primeiro texto que não é de minha autoria a ser publicado aqui! O segnificado é demasiadamente especial!

_____*_____

Para Filipe, Oliver, Brigída. Camila e Ricardo.

Estava cego. Meus passos não eram guiados por nenhum tipo de luz. Ia tateando os simulacros de espaços que me rodeavam, os espaços-sons que me machucava, eu caminhava sem procurar um rumo, o movimento era passagem, fuga, precipício. Eu tinha que esquecer o tempo, rasgar todos os códigos que estão escritos em meu corpo e deixar que meus passos fossem traiçoeiros. Queria afundar em névoas escuras, queria mergulhar em palavras vazias, precisava deixar que algo viesse, me abraçasse, marcasse com brasa meus dedos, rasgasse toda minha roupa, me destruísse por completo. E que no fim, só restasse sombras.

As vendas caíram. E meus novos olhos surgiram. Senti tanta angustia em ver a luz, o medo congelou meu corpo. Não caminhava, não ria, apenas via aquela coisa estranha se apoderar de mim, aquele calor manipulando meus desejos. Não sabia quem eu era. Fiquei tonto, perdido, sem saber que rota seguir num novo espaço, sem códigos antigos, para me guiar, me controlar, me dizer os quereres.

Algumas vozes vieram do nada. Não se repetiam. Não se contradiziam. Apenas me chamavam. Eu não estava mais cego. As vendas caíram. As vozes me deram força. Eu consegui enfrentar a luz e consegui caminhar em direção às margens de pedra. Sem medo, sem vergonha e com uma nova sensação em meu corpo, chorei, por que pela primeira vez, deixei que o vento abraçasse meu rosto. Criei coragem, as vozes me deram alegria. Eu consegui ver o mar.

16/03/2008
2h45min AM

_____*_____

(Por Francisco Diemerson)

Era outono. E todo aquele jardim ainda isolado. Cercado pelas ervas daninhas. As flores secas e caídas. Algumas folhas também. O outono era sempre a pior fase para um jardim sempre tão bonito. Mas aquele calor outonal quase sempre o ressequia e o igualava ao horrendo muro de ervas daninhas que o prendia; mas, ainda assim, era o mais bonito. Nada se aproximava de tamanha beleza. Estava oculto. O verão havia sido mais ríspido que os demais. Nem os pássaros visitavam mais o jardim. Seriam seis meses de reguardo e eterna solidão... ou mais... Os pássaros eram os únicos que faziam companhia ao jardim. Porém, mera felicidade passageira, pois os pássaros estavam sempre a voar. O beija-flor era o pássaro mais querido, porque além da companhia beijava as flores tornando-as mais frondosas.

O inverno chegou. Para o jardim era a estação mais próxima da felicidade. Pois com a chuva, logo após viria a primavera: sol brando, bons ventos, pássaros e a eterna espera pelas borboletas. Assim como o verão, este inverno choveu mais que os anteriores e o jardim sentia um mix de felicidade e frustração. A espera pelas borboletas era sempre uma alegria interna. Algo sublime e inédito. Mas era frustrante continuar esperando sem a certeza do que estava por vir. Foram tantos os anos e estações com visitas de insetos e pássaros... mas este inverno nao foi igual aos outros. A primavera não haveria de ser.

O inverno passou. O sol da primavera aquecia como nunca. Aquela energia alimentava o jardim que a cada dia estava mais frondoso. Flores de exuberância jamais vista. O perfume por todo o ar atingia horizontes distantes. E o mais interessante de tudo: o muro de ervas daninhas estva completamente ressequido. Apenas algumas vagens verdes penduradas. Seria agora possível que o jardim crescesse por toda a relva? A primavera passava e nada das borboletas.

Chegara, então, o momento da visita dos pássaros. O jardim os esperava, mas nenhuma espécie aparecia; muito menos os beija-flores. E a primavera já estava em seu último mês. O período de visitação dos pássaros já havia passado. Nem os insetos, nem os humanos errantes para roubar belas flores. O jardim se sentia completamente solitário e certo de que aquela exuberância inédita fora em vão.

Há poucos dias do fim da primavera, o sol já começava a esquentar anunciando a chegada próxima do verão. O muro de ervas daninhas de tão seco estva cinza. O jardim, repleto de frustração por não poder se expandir; e muito mais pela solidão profunda. Solidão tamanha que não notou que as vagens não eram mais verdes e apaentavam mais secas com manchas coloridas. Sorte não ter visto para nao imaginar ser uma peste para acbar de vez com suas esperanças.

Fez uma noite fria. E na madrugada solitária lágrimas brotavam das flores como orvalho. Acabara a primavera. Já conformado, o jardim se assustou ao perceber que o muro de ervas daninhas havia caído. Parecia um tapete de palha muito seca; as vagens haviam sumido ou se misturado às ruínas vegetais. Já era completa a frustração do jardim. Ele passava a ter a certeza de que nada adiantava ser tão especial, tão diferente. Queria ser comum e sem exuberância como qualquer jardim.

Não fosse por uma cortina colorida que ao longe voava em direção ao jardim, ele já estava prestes a secar de frustração como as ervas daninhas. Borboletas jamais vistas em toda fauna e flora voavam para, enfim, se juntar ao jardim. Elas não eram borboletas como as outras. O tempo cercado pelas ervas daninhas foi válido. As lagartas demoraram, mas se alimentaram o suficiente a ponto de destruir todo o muro. A ponto de completar o jardim após tanto tempo dentro de casulos que mais pareciam vagens verdes. Chegara a hora do jardim se expandir pela relva. Ele estava com as borboletas que se esperavam. A felicidade era plena!

Uma alma
Com cheiro acre de pôr-do-sol
Um som irmão nos tímpanos
E o oposto da barriga
Estarrecida num chão frio...
Um quarto

A câma de dois cômodos
Abraçada de um corpo só
Com as almas de seus sonhos
Deitadas obsessoras
Como versos
Como um prato de leite
Para gatos odiados

Um poste
Com seus sensores automáticos
À espera do manto negro
Que nunca chega
Que nunca vai...
A vida em eterna entre-noite
Até o fim da lua nova.

Tudo o que se sabe
É apenas que não sabe
Se ao certo o meu saber
É finito ou onda de mar

Eu não sei ao certo
Nem ao menos certo ponto
Desse erro de viver e saber tudo
Se só se sabe que nada sabe

Sei somente dos meus pés
Que não sabem p'ronde vão
Mas minha alma guia cega
Sabiamente como sabe cantar o sabiá

Eu não sei das notas nem das nuvens
Nem sei quantos filhos terei
Mas a caneta sei como segura
Não sei desenhar figura alguma
O meu destino eu desenho como sei
Pendurado nas janelas da minha cabeça
Deixo vento arejar o verão dos meus neurônios
E mergulho na etila do que sei
Só sei que nada vocês sabem
Mas, certo ou errado, os meus pés
Sei muito bem onde eu pisei
Onde eu piso e onde e até onde pisarei...

É carnaval para o corpo
Enquanto a alma se resguarda
Aguarda o passar do tempo
Enquanto a morte não chega
Enquanto o filho não vem

É folia e farinha na veia
Pois nas lápides do espírito
O peito petrifica em mar de gelo
A essência apenas em brisa de mar
A espera enfim perde o seu trono

É carnaval
Enquanto, enquanto
Aguarda
Enquanto é

É folia
Pois, o, a, a
É.

Haverá o dia em que te mato
Mas te mato de morte bem matada
Não de sono como desses
Quando em vez você acorda

Dou cabo até o fim da estrada
Sem virar curva nenhuma
Mas te mato até a última fagulha
Sem direito a cantar bis

Essas dormidas não são morte nenhuma
É só mais um fim, já já é começo
Eu não descanso enquanto existir
Um pedaço em mim dessa história toda

A cada ciclo é um novo homicídio
Da próximo te roubou para ser latrocínio
O que não dá é o tempo passar
E toda essa coisa ainda viver.

Eles haviam se visto a primeira vez há quatro anos em um show. Uma fila, uma corrida, uma parada, um sorriso, um adeus. A imagem daquele sorriso na memória. O começo de uma quase história. Por quase dois anos entre outras cenas repetidas como a primeira. Nunca verbos pulavam da boca. Apenas raios de olhares e peitos ofegantes. Nada que um mundo virtual não encurtasse essa distância, já tão curta. Ele o procurava. O outro o achou. Entre desejos e caracteres. Meses, após anos, o olho no olho recheado de palavras. Emoções como sempre pela metade. Ele alçava uma aureola no anelar esquerdo. O outro fazia com que ele tivesse duas meias histórias. A da aureola e a do outro.

Mais tempo. Mais espaço entre ele e o outro dentro de tão pouca distância. Um peteleco dado em alto mar. Tsunami. A aureola se quebra. Novas distâncias reunidas. Pôr-do-sol. Sentimentos tão recíprocos aflorados na ausência de palavras. A face se expressa aparentemente muito bem. E a distância tão presente sempre. Mesmo que tão perto. Sentados lado a lado e mais um pôr-do-sol. Sentimentos prontos cultivados como num jardim intocado. Regada pela distância imaterial. Uma astronave que leva ele pra longe do outro. E o outro surdamente se aproxima distante numa astronave do seguinte. Pensamentos que o trazem para tão perto. O retorno. O retorno. E o mundo virtual encurtando a distância. Um e-mail guardado. Sentimentos expressados em palavras concretas. O anúncio. O mistério. O segredo. Ciclones por quase um ano que emaranham as linhas que ligam ele e o outro. Tão pouco espaço e tão grande a distância.

E o sol se põe. E mais uma vez um encontro no mundo virtual aproxima todas as distâncias. O pôr de um novo sol. Tudo separado pela grama, pela altura e pelo movimento dos lábios que desfaziam compassadamente, como quem dança, os nós feitos pelos ciclones. Escuro. O tempo e a hora de se partir. Um nó ainda cego. O e-mail de outrora citado. Tanta especialidade. Ser tão especial era ele e o outro cantava isso como lobos ao vento frio de uma madrugada de lua cheia. O jantar. E o vácuo aberto entre ele e o outro. Uma distância nunca experimentada. Resguardo. Sentimentos ressequidos. Tempo... tempo... e a distância. Ele e o outro. O especial e o caos.

Muito tempo depois uma mensagem em sua caixa de entrada. Assunto: atraso na entrega de alguns anos. Remetente: o outro. Era um velho e-mail citado. Onde tudo era concreto. Negações, ojerizas, fora de desejo. Um pôr-do-sol de testes. E a confirmação do não querer. Sorte dele enxergar sempre a frente de tudo. Porque o outro não era só o outro. Era apenas mais um outro. Nada substancialmente diferente. Não diferente como ele. Ser tão especial era ele. Quanto ao outro, só mais um.

As cartas sobre a mesa
A mão da vidente
A vela
O vinho
As tintas da caneta

O mundo gira
Entre a montanha
O monge
A verdade
Os transeuntes da vida

Palavras ditas no vácuo
Escritos abertos no escuro
O surto
O contágio
A boca muda no pátio

Em teor felino
Guaradanapos dupla-face
Divino o enxague ariano
Ponto solto a outros pontos
Somente em uma parte
Eis a boa nova em ultimato!

O mundo é uma linha. Pontos em contrapontos. É uma gangorra. É bipolaridade. Em tudo, em seu mais completo verso e reverso, em seu avesso, uma contradição. As questões mais concretas e irrevogáveis permeiam de pontos questionáveis ao reverso. Um peito. Por que haverá de se ter um membro muscular, uma bomba, do lado esquerdo? Por que um só? Por que não no lado direito? Por que não nenhum?

Há este membro. Ele pulsa. Bombeia. Ele é matéria palpável, ainda que para isso haja a necessidade de rasgar a carne e afastar os ossos. Mas também é metafísica. É impalpável, é dor, sentimento, energia. Toda bomba gera energia. Energia gera movimento. Mas também torna-se estática. Há momentos nossos de extremos movimentos. Deste membro a outros membros do corpo. Mas há estática que faz divagações como esta.

O vazio é algo mais provável. Mal do mundo. Bem do mundo. Vagabundo de quem disser que não há vazio em si. Mesmo estando repleto de algo explicável ou inexplicável. Isto tudo reúne-se num pó que gera o vazio. O tudo e o nada. A linha e a agulha. Costura. É preciso de uma costureira. Há tantos remendos que pode virar um membro de fuxicos. Nem precisa pulsar, apenas ser. No mais uma colcha de retalhos basta. Os dias frios estão chegando e haja corpo para agüentar...

"Se eu pra eu te ver, então deixa eu dormir"*. Não quero mais acordar e ter à luz do dia seu holograma. Nem quero esperar que o sol se ponha ao acaso, enquanto eu o último plâncton do aquário. Não há peixes... tudo nao passa de sonho. Sentimento de platão. Poeira mexida em dias de eclipse. Que seja pó guardado no alto da torre. Petrificado à luz do sol. Estático, morto. Vírus. Sem elixir, sem movimento. Apenas sonho. Porque quando do acordar a realidade petrifica tudo. Realidade é sol. Isto tudo será apenas um gárgula admirável sem nostalgia. Em cima da estante, da torre, da porra da vida. Sem se mexer, sem me mexer, sem mexer em nada.

* Citação de "Os pássaros" composição de Rodrigo Amarante, presente no álbum "4" - Los Hermanos, 2006.

O momento em que me encontro cercado me faz parar bruscamente sem freio. Respirar, é a palavra de ordem deste momento que pede muita ordem. Duas coisas me tiram o chão, me volitam pra longe do real e me deixa imune a qualquer coisa, inclusive zumbir de moscas, salvo o zumbir do meu ventilador que me faz dormir: sentimento e inspiração - processo de criação intensa. E justamente os dois me assolam agora. Respirar é a palavra de ordem. Por hora escrevo, por hora respiro com música. E o que se faz sonoplastia de meus dias é Milton Nascimento. Irônicamente indicado para mim, como algo que seria a minha música, Guardanapos de Papel que não é de autoria do Milton, mas só o fato de ele interpretar já denomino como total dele. Cada música dele que eu conhecia se tornava peça de um quebra-cabeça que no fim seria o meu mapa. E eis que esta música se torna não peça, mas todo o quebra-cabeça montado. É isso: poeta, andante, errante, caminhante noturno, ironicamente livre.... sozinho. Sempre! Ainda que me dôa pensar assim, aceito isto como uma salvação. Serve de conforto. Respirar, é a palavra de ordem do momento.

Encontre qualquer coisa
Em qualquer rua, espaço
Encontre seus pares
Nesse ovo de mundo
Onde as linhas estão ligadas
Abraçando circularmente
Todo esse ovo redondo azulado
Até você...

Só não encontre nada
Em qualquer espaço, pedaço
Nem a mim
Nem seus lares
Muito menos as linhas do projeto
Nesse universo de cabeça
Onde tudo é pesquisado
Até você...

O mundo é um ovo
Mas minha cabeça um universo
De um único planeta
Completamente inabitado de corpos
Só letras, sentidos, sentimentos
Espaço para ser urbanizado
Explorado, colonizado por outros planetas
Inclusive você... só você....

Hoje amanheci com pássaros cantando antes do nascer do sol! Eles estavam todos pousados na minha cabeça... cantando e batendo asas!

Minhas linhas são tortas
Meus desenhos são lineares
Mas são linhas
Preciso de uma régua
Uma régua sem retas
Onde se possa virar curvas.

Vento que sopra
Até o rodopio de onde começou
Qual o bico que te produz
Qual a força que te manobra

Ciclo vicioso
Qua a pouco tempo se negou
Quem te traz sempre de volta
Qual o segredo de seu itinerário

Para os horários
Nunca é tempo de se voltar
E recomeça
Como se tudo fosse primogênito

Vento que sopra
Até o rodopio de onde começou
Leva como folha em teu caminho
Aporta na fertilidade de uma relva.

Em algum ponto de 2008
A partir deste ponto. Pronto!
Outros pontos serão traçados
A partir de agora
Além deste ponto.

Em algum ponto de 2008
Que começou dia 1º de janeiro
Será um ano inteiro
De passos descalços na relva verde
Com grama sedosa e aromática

Em algum ponto de 2008
Tudo recomeça de novo
Nada novamente de novo
A partir de agora
Além do ponto. Pronto!

Em algum ponto de 2008
Que começou de todo gosto
Novas palavras na boca e nos dedos
Novas letras soando na mente
Nova mente soando nas letras

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