Poesia Permanente

"a forma de escrever é provisória, a poesia é permanente" Rosa Lia Dinelli

O mundo é uma linha. Pontos em contrapontos. É uma gangorra. É bipolaridade. Em tudo, em seu mais completo verso e reverso, em seu avesso, uma contradição. As questões mais concretas e irrevogáveis permeiam de pontos questionáveis ao reverso. Um peito. Por que haverá de se ter um membro muscular, uma bomba, do lado esquerdo? Por que um só? Por que não no lado direito? Por que não nenhum?

Há este membro. Ele pulsa. Bombeia. Ele é matéria palpável, ainda que para isso haja a necessidade de rasgar a carne e afastar os ossos. Mas também é metafísica. É impalpável, é dor, sentimento, energia. Toda bomba gera energia. Energia gera movimento. Mas também torna-se estática. Há momentos nossos de extremos movimentos. Deste membro a outros membros do corpo. Mas há estática que faz divagações como esta.

O vazio é algo mais provável. Mal do mundo. Bem do mundo. Vagabundo de quem disser que não há vazio em si. Mesmo estando repleto de algo explicável ou inexplicável. Isto tudo reúne-se num pó que gera o vazio. O tudo e o nada. A linha e a agulha. Costura. É preciso de uma costureira. Há tantos remendos que pode virar um membro de fuxicos. Nem precisa pulsar, apenas ser. No mais uma colcha de retalhos basta. Os dias frios estão chegando e haja corpo para agüentar...

1 Reflexos Permanentes:

quando abrem e afastam os ossos com anestesia ainda vai, né, filipe?

o problema é o impalpável que vem sem nenhuma das -ínas.

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