Poesia Permanente

"a forma de escrever é provisória, a poesia é permanente" Rosa Lia Dinelli

Brilha os olhos
E quem olha?
Sou eu, você e mais ninguém
Quem te disse?
A essa história para alguém
Não pisca o olhar
Não falha
Nem fala o agora
Cala em tudo o que se quer dizer
Fazer não é nada fácil
Nem nada difícil é viver
E ver onde os horizontes se encontrem...
No infinito!

290409

Simplesmente
Não esquevo a semente
Que semeia à terra e sol
Água da minha fronte
Fonte da minha própria mente

E sente o simples fato
De rodar a esfera no papel
Arquitetando em letras
O tato do corriqueiro
Ao lijeiro ato de pensar

Sonhar em sempre voar
Ao intocável espaço
Permeado à terra
A semente que germina
Passo a passo essa sina

De rabiscar
Arriscar todo um tumulto
Impresso sem telas
Às vezes de velas acesas
Idéias nunca integrais
Aliás, assim se define
Tudo o que se escreve
Nada que se perde
Algo que um dia
Não se perca, mas se leve
Nem tão leve
Tampouco pesado
Simplesmente arriscado!

300309

Surdas carcaças de pensar
Eu vejo a hora de você passar
E minhas mãos lentas
Abraçarem apenas suas sombras
Vagando na lembrança
De um sepulcro de futuro

Paro em meio ao trânsito de idéias
Sem dar sinal, sem matéria
De tudo o que passa pelo céu cinzento
De véu e garôa quase pó
Para que quando o vento passe
Espalhe o meu eu entre teus pés

Um reles expectador
Compositor de uma direção
Guiada às vias que sempre levarão
A teu corpo d'onde a luz bate
Ao meu corpo que o amor refelte.

280309

De pernas para o ar
As coisas soam como um voo
Passam pelos olhos
Como quem está numa pipa
E ninguém sabe quem segura

Vor, voar
Chegando ao topo das nuvens
Alpinista para o firmamento
Sem paredes para escalar
Voar, voar...

O mundo passa vorazmente
Sem dar tempo de absorvê-lo
Tudo passa como um voo
Passa pelos olhos numa pipa à jato
Entre o chão e o firmamento

Voar, voar
Até o topo nem sempre é possível
Nem linhas, nem paredes
Mas a força do infinito
Faz a pipa pôr os pés no chão

Subir, subir
Sem vento ou contra ele
Ir até o mais alto ponto
Sem tirar os pés do chão
Nem ser o ponto final.

280309

Meus olhos olham fundo
Eu vejo o mundo
E um futuro radiante
Do presente não sei nada
Nada mais além
Que ando

O peso das rotações
Em si e a tudo
Todo em minhas costas
Eu quero ir muito
Ir muito além
De uma cadeira na varanda

Meus olhos olham rente
De uma vida, um horizonte
E um caminho surpreendente
De roçados e "bóias" nem sempre frias
Eu também ouço do incerto
E sinto certamente que vou chegar

Peço apenas
Um punhado do perdão
E aceito qualquer desculpa
De vento ou de coração
Pela falta e excesso de mãos
Mas reconheço precisamente
O ombro macio qual almofada
Deixando livres, nessa jornada
Assentos pra quem quer que chegue
Num expresso de direções

270309

Suavemente
O espaço aguarda silencioso
No vácuo de sua respiração
A explosão programada
Os cintilos expectadores
De uma nova evolução

Está tudo à sua espera
Como sempre esteve
Como nunca se esperou
O vácuo abre uma brecha
Para o ar passar
Um ponto em fervilho
Explode universal

Suavemente
É supernova
É novo brilho sideral
O tempo passa
Hoje é estrela
E amanhã?
Suavemente uma lembrança?
(O que quer que seja ainda brilha)

Eu vejo orvalhos
Gotas de sol
Gotas de tempo
Eu vejo o vento
Evaporando
Cada segundo úmido
Eu vejo o rair dia a dia

Eu ouço orvalhos
Toques de sino
Sons que invento
Eu ouço teclas
Como quem vê degraus
Como quem rouba a cena
Eu ouço da saudade a voz

As folhas sao as mesmas
Toda manhã
O que muda são as gotas
Do orvalho
De sol
De tempo
Que se resumem no mesmo ramo
Em pingos de sentimento
Um jardim de saudade
Eu vejo...
Eu faço passar o tempo
Ao acordar toda madruagada
Expressados continuamente
Em lágrimas de orvalho.

A Bruno 180309

Não jogue suas cartas fora
Nem as deixe soltas na mes
Para proferir o que não se é
Não ainda
Não quero nunca

Olhe todos os lados e cantos
Deste cubo de tantos detalhes
Mas não desperce seu latim
Nem o deixe solto no ar
Não jogue futuro no presente mutável

O que quero
É estar, é ser eterno
Tocar meu piano sem teclas
E desenhar o agora
Finalizando a arte
Do esboço que passou
Eu quero isso, quero aquilo
Quero um novo dia
Uma mesa nova
As mesmas cartas (a se jogar)
Não quero um jogo novo
Nem quero jogar
Eu quero estar
Ser eterno!

A Rômulo Bartolozzi 170309

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