Poesia Permanente

"a forma de escrever é provisória, a poesia é permanente" Rosa Lia Dinelli

O que há nesse hemisfério?
Torres
Tratados
Linhas fictícias
Veracidades mórbidas
Estréias
Estupidez?

Tire essa interrogação do fim
Exclame a tudo que houver de ruim
E apareça
Desapareça do mundo
Do seu mundo obsoleto e desconcreto
E relembre, esqueça
Reapareça de um sono profundo
Com os frutos maduros nas hastes do mundo
Abra o olho
Sabotagem.

Não me exalam mais
Odores secos
Da libertina liberdade

Somente me enlaça
A prisão da felicidade sublime
O duplo piscar

E as órbitas
D'antes focadoras da constelação
Agora miram a deitar-me
Num colchão do universo lunar

Não me exalam mais
Odores libertinos
Da seca liberdade.

Eu não sei por onde
Ele se foi todo volátil
Não era quente nem era frio
Aquele vento sufocante

Sei que logo após
Caiu a chuva tenebrosa
Gloriosa e radiante
Levou tudo e tudo lavou

Agora é um novo estendido
Novos passos, novos rítimos
Novo fôlego a faltar
Mas sobra espaço tão gigante
P'rum caminho delirante
Tudo novo recomeçar
De novo a guiar

Eu não sei por onde
Ele se foi
Sei que logo após
Caiu a chuva

Não era quente nem era frio
Gloriosa e radiante
Levou tudo e tudo lavou.

A Bruno Almeida (270308)

Há um dragão
Nas profundesas
No âmago
No ítimo desse abismo sem fim

Quando adormecido
A ira dionisiaca é despertada
Tanto quanto a furia de Eros
Mas ainda adormece o dragão

Quando acordado
Adormece à solidão inicial
Ímpar dos aléns
Nunca morre o dragão?

Esquecerás meu perfume
Como quando no inverno
Que se apaga do corpo
O calor do verão

Esquecerás do meu calor
Como quando se mergulha
Profundamente no mar
Da primeira manhã

Esquecerás de um futuro
Como quem esquece
Que os porques são apenas um
Na atualidade

Só não esquecerás do meu sorriso
Pois este foi inventado...
Arquitetado e naturalizado
Para quando visto o rosto teu.

Queimou meus lábios
Queimou meus dias
Minhas falas e minhas cores
Queimou meus corredores silenciosos

Incendiou minha cachaça
Incendiou minha fumaça
Meus vicíos de nada vezes nada
Incendiou meu peito sem acidez

Comeu a minha língua
Comeu o meu futuro
Meus projetos tão egocentristas
Comeu até meu sobrenome

E que passe o resto dos dias a me consumir
Nesse ciclo infinito...

A Bruno Almeida

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