Poesia Permanente

"a forma de escrever é provisória, a poesia é permanente" Rosa Lia Dinelli

Primeiro texto que não é de minha autoria a ser publicado aqui! O segnificado é demasiadamente especial!

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Para Filipe, Oliver, Brigída. Camila e Ricardo.

Estava cego. Meus passos não eram guiados por nenhum tipo de luz. Ia tateando os simulacros de espaços que me rodeavam, os espaços-sons que me machucava, eu caminhava sem procurar um rumo, o movimento era passagem, fuga, precipício. Eu tinha que esquecer o tempo, rasgar todos os códigos que estão escritos em meu corpo e deixar que meus passos fossem traiçoeiros. Queria afundar em névoas escuras, queria mergulhar em palavras vazias, precisava deixar que algo viesse, me abraçasse, marcasse com brasa meus dedos, rasgasse toda minha roupa, me destruísse por completo. E que no fim, só restasse sombras.

As vendas caíram. E meus novos olhos surgiram. Senti tanta angustia em ver a luz, o medo congelou meu corpo. Não caminhava, não ria, apenas via aquela coisa estranha se apoderar de mim, aquele calor manipulando meus desejos. Não sabia quem eu era. Fiquei tonto, perdido, sem saber que rota seguir num novo espaço, sem códigos antigos, para me guiar, me controlar, me dizer os quereres.

Algumas vozes vieram do nada. Não se repetiam. Não se contradiziam. Apenas me chamavam. Eu não estava mais cego. As vendas caíram. As vozes me deram força. Eu consegui enfrentar a luz e consegui caminhar em direção às margens de pedra. Sem medo, sem vergonha e com uma nova sensação em meu corpo, chorei, por que pela primeira vez, deixei que o vento abraçasse meu rosto. Criei coragem, as vozes me deram alegria. Eu consegui ver o mar.

16/03/2008
2h45min AM

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(Por Francisco Diemerson)

1 Reflexos Permanentes:

eu sou suspeito pra falar. :P
mas sempre que ouço o mar... Ele me diz grandes ondas.

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