Poesia Permanente

"a forma de escrever é provisória, a poesia é permanente" Rosa Lia Dinelli

A madrugada me chamou. E ao chegar bem perto dela uma grade nos separou. Chovia. Apenas um lâmpada iluminava. Eu via alguns pingos de chuva. Uma pequena mariposa passou voando da escuridão em busca da luz. Da luz, fugia na escuridão um velho a meu lado. Dormia. Tão profundamente que foi incapaz de sentir minha presença e ouvir o bater de asas desesperador da mariposa. Ela lutava contra os tiros d'água rumo à lâmpada. O velho fugia temporariamente dos tiros da vida naqueles sonhos. Se é que ele sonhava... A mariposa morrerá em algumas horas; ou minutos, ou segundos. O dia é curto para a pobre mariposa que na madrugada busca a luz para refugiar sua ampulheta. Para o velho o dia é longo. E logo logo o dia amanhece. E por mais que faça sol, a chuva não vai parar. A mariposa voava até a lâmpada sem perceber minha presença. Eu saí de perto do velho sem que ele percebesse que eu estivera alí. Deixei apenas uma pegada.

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