Poesia Permanente

"a forma de escrever é provisória, a poesia é permanente" Rosa Lia Dinelli

E quem não gostaria de ser Ícaro um dia? Ao menos para voar um pouco e experimentar a liberdade e a audácia sem sentir que uma hora vai cair?

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Mar De Liberdade (Filipe Freitas)

Abrir os olhos para o infinito e enxergar o horizonte;
Ter o céu a sua frente...
E o inferno atrás de você e ficar inerte:
Alheio às sensações de ambos.

Fechar os olhos para o mar que reflete seu semblante;
Ocultar a vida numa caixa de sapatos...
E descobrir que o nada é a ausência de tudo:
Que o mundo é uma gaiola que perece com o tempo.

Esperando o filme da vida passar
Em um rolo que cresce a cada novo crepúsculo!
De almas atadas pelos empecilhos
Que os impérios nos proporcionam.

Quero a chance de gritar...
E ensurdecer a todos que ignorem meu socorro!
Quero me jogar do alto... do mais alto dos montes:
Para cair sobre aqueles que não olharam para trás.

Sufoca-me a alma viver neste cárcere!
Amplo como a Terra... retrógrado como o Universo;
Curto diante do tempo... avante como o passado:
Derradeiro como a liberdade!

Vivo, mas não tenho vida para seguir...
Como, mas sem corpo para sustentar!
Vôo, apenas com as asas do encéfalo...
Regresso, apenas à minha insignificância de sorrir!

Quero voar pela vida a planar sobre o destino
E mergulhar nas profundezas da felicidade
Onde a morte não é capaz de alcançar
Ainda que ela me consuma!

Quero morrer para sentir o nirvana;
Quero viver para quebrar os empecilhos.
Quero a morte para quem não aprende a viver;
Quero a vida para quando a morte se fizer.

Reunirei todos os flagelos de esperança
Que em meu âmago se espalha.
E construir o passado no meu presente;
Para existir um futuro sem imperfeito.

Com as gotas de lágrimas que derramei
Em todo o meu fardo, que,
Leve e desprezível
Consumiu os únicos ombros que me haviam.

Subirei no topo do Ego do Mundo
E saltarei criador da liberdade!
Com a musicalidade das vozes
Viajarei por toda a minha alma. Bem alto!

E gritar até que todos os ignorantes fiquem surdos,
Para que possam sentir o peso do cárcere que criaram.
E cair sobre aqueles que eram animais-guias,
Para que fiquem cegos diante do poente!

O vento se transforma na brisa que me faz pairar.
Os bafos dos vulcões me fazem
Eclodir feito pena e pó,
Para o mais alto nível...

Fecho os olhos e respiro; alfa no sangue...
Tranco o corpo e solto a alma: beta na mente...
Abro os braços e aceno às ondas: gama na vida!
Fecho a alma e corpo se vai: NIRVANA!

Somente a luz do sol cremava meu corpo;
O vento transformava-o em pó;
A brisa espalhava-o pelos mares e pelas montanhas:
A água dissolvia-me na total liberdade almejada.

As ondas misturavam, cálidas e repletas de um ritual
As lágrimas que minha alma absorvera.
E penetro louco sob o abismo do Universo.
Transformado em areia na beira-mar.
(inspirado do mito de Ícaro)

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