Poesia Permanente

"a forma de escrever é provisória, a poesia é permanente" Rosa Lia Dinelli

Quando o gato sentou no meio da praça, ele se viu só. Materialmente só. E todo aquele sentimento fazendo companhia. O cachorro havia seguido seu caminho até a casa. Enquanto os coelhos se abrigavam do vento frio no nono andar: aos pares; aquecendo-se. E o gato no térreo da praça olhando as nuvens chuvosas no céu da madrugada. Estas só davam espaço para o minguar da lua ilminar a única estrela luzente.

E todo aquele sentimento acompanhando a sua tranquila solidão. Não mais era necessário abrir os olhos para ver a luz celeste da madrugada misturada aos postes de iluminação vermelhamente artificial. De olhos fechados as luzes dos postes se apagaram. A luz da lua, e só ela, adentravam às pálpebras peludas. O rosto do pombo se materializava cálido na mente. E tudo se misturava ao sentimento.

Era injusto o pombo saber voar. O gato em sua máxima sabia pular. E baixo. Os coelhos nem se preocupavam em saber se o gato poderia voar um dia. Ele poderia ter se jogado do nono andar enquanto o cachorro assistia. Mas foi preferível pegar o elevador e usar as asas da imaginação e esperar... até que o gato criasse asas e voasse para onde o pombo estava. A saber se chegaria o dia a que viessem a voar juntos.


(... porque nas fábulas os animais falam; aqui eles voam com a imaginação)

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