Poesia Permanente

"a forma de escrever é provisória, a poesia é permanente" Rosa Lia Dinelli

Onde estão escritas todas essas regras? Em que pedra talharam os mandamentos que tanto ouço e a todos desconheço? E que, no entanto, pulsam em meu gen; quando me apercebo me vejo agindo como quem, imperceptivelmente se é conduzido. Onde se tem escrito que preciso de outrem e, mesmo contra meus próprios princípios me vejo conduzido como um trem no trilho. E quando se sai dessa linha, descarrila uma catástrofe uníssona que todos se medram e apontam direções lineares; as quais não quero nem acho certo seguir. Quem detém toda essa força que me obriga a andar calçado? E, mesmo assim, com toda minha teimosia calço sandálias para seguir sozinho ao menos com meus passos.Ainda quando feto, éramos somente eu e meu cordão. Quando do parto, eu e meu umbigo. E agora somos três: eu, meu umbigo e meu cigarro. Este, que por vez larguei numa lata de lixo e agora segura minha mão e me beija quando recebo visitas do papel e da caneta. As idéias entram e saem da minha casa. Mas são essas que guiam minha vida.Que pena terei eu que escolher estes como meus parceiros eternos que não pessoas? Estas são presenças eternas e eternamente numa marca transparente. Os outros citados são matérias, palpáveis e eternamente solidárias. Que posso eu fazer ao olhar o fundo desse copo d’água enxergo apenas meus olhos mirando o horizonte distante e solitário.Mostrem-me onde estão todos esses tratados, pergaminhos, e pedras contidas do manual que vejo todos a seguir, enquanto eu, perdido em meu infinito particular, sigo as regras apontadas pelo meu próprio nariz. A partir de agora, meu mais novo companheiro.

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