Poesia Permanente

"a forma de escrever é provisória, a poesia é permanente" Rosa Lia Dinelli

Brilha!

Sempre que puder

Além da estratosfera

Sua luz do amanhecer

Reina!

Como o dia

Todo o dia e noite

E a luz nunca esmorecer


Até que a paz

De ti em ti vigore

E em relva teu ar colore

A aquarela do simples ser


Atinja

Além de todos os horizontes

Mantendo sempre à sua fronte

A luz eterna do amanhecer!


131009m

Sobre o tempo

O desejo fulminante

De um sol de veraneio

E pois veio

Uma bruta tempestade


Bem se sabe

Destas terras brotam medo

Desde quando a chuva caia

Quando d'antes nasceria o sol


E não mais

No aparecer da tarde

Cair gotas solares

Onde tudo o que se quer

É chuva


Bem a noite

Quando o tempo melhora

Se descobre, bem por hora

Que sobre o tempo

Não se quer mais desejar.


121009

Saudade dos tempos

Em que tudo se resolvia

Com choros e charmes...

Jogos psicológicos

Do inocente amor


D'antes baixo

Bem abaixo

Da minha sombra atual

O tempo passar era sonho

De ver a sombra esticar


Tão hoje

O tempo nos engole voraz

Ansioso deste mesmo

Passar agora às contas

Puxa o freio!


Queria eu

Tudo retardar

Ou ao menos retroceder

Para com choros e dramas

Tudo novamente se resolver!


021009

Diante daquelas portelas

O portal sempre distante

A uma mão dominante

Pronta para abrir elas


E no quão do mais certeiro

Um futuro nada derradeiro

Onde as plantas darão flores

E delas surgirão todos os amores


Ao que seduz

Ao que implica

A tudo o que indica

Que o caminho é luz


Ao sabor

De tudo o que evoca

E sempre se provoca

Um jardim de amor!


011009

Eu quero apenas,
Criador de todas as curvas
Que o vento não a faça
Nem sem força pare à rua

Seja apenas,
Cidadão do meu não-domínio
Retilíneo ao inevitável precipício
Ativando rumando à bondade eterna

Só não se esqueça,
Oh, Eu das coisas
De seu passo sempre puro
E dos ares transparentes
Que sempre respiras

E te curvas
Abraçado na tua verdade
Regando ao seu legado
As lágrimas da felicidade

200909M
Título por Diomedes Neto

Me alvoreço
Em raios de mim
Assim de quando em vez...
O bom é vez em sempre
Tudo o que se deve
Poderá
Tudo o que se pode
Deverá

Acontecer
Em cada conto
Desta conta de pedrnhas
Umas brutas
Outras tais tão preciosas
Tudo se vale

Quem conta um conto
Aumenta um ponto
Tal qual a ave
Que tão robusta de grão em grão

Abro as portas
Do mais simples
Castelo...
Alvoreça!

240909M

Meus espaços
Estão abertos
Neste cilindro opaco
Subir e descer
Apenas onde o vento passa...

Tão distante
Esta antena
Sintonia gigante
Radiação do não saber
Apenas querer...

Todos os pontos estão pingados
Basta uma mão para ligar
Desenho feito com a mão do tempo
Arte final pra recomeçar...

Não mais
Sair de casa
Sem acender a luz
Tudo está na penumbra
Brumas da decisão

A mão do tempo está pronta
Para começar a desenhar
Mesmo sem pontos tudo se liga
E as duas mãos irão se juntar...

Sem fim...

230509m

Num largo de leões
Dois corpos
Sentados em separdo
Refletem seu legado
Aos rugidos surdos
Das feras sempre adormecidas

Raízes imperiais silenciadas
Como o suspiro
Do um que dorme ao relento
Um outro
Regado em seu rio barulhento
Aos 21 de 40 graus

Voos razantes
De rodas no asfalto
Embalam em trilha
Aos roncos vorazes
De autos vazios
Outrora lotados

Num largo de leões
Dois corpos
Se separam, nunca juntos
Um outro
De volta a seu mundo
O um em seu sono profundo.

030509

Brilha os olhos
E quem olha?
Sou eu, você e mais ninguém
Quem te disse?
A essa história para alguém
Não pisca o olhar
Não falha
Nem fala o agora
Cala em tudo o que se quer dizer
Fazer não é nada fácil
Nem nada difícil é viver
E ver onde os horizontes se encontrem...
No infinito!

290409

Simplesmente
Não esquevo a semente
Que semeia à terra e sol
Água da minha fronte
Fonte da minha própria mente

E sente o simples fato
De rodar a esfera no papel
Arquitetando em letras
O tato do corriqueiro
Ao lijeiro ato de pensar

Sonhar em sempre voar
Ao intocável espaço
Permeado à terra
A semente que germina
Passo a passo essa sina

De rabiscar
Arriscar todo um tumulto
Impresso sem telas
Às vezes de velas acesas
Idéias nunca integrais
Aliás, assim se define
Tudo o que se escreve
Nada que se perde
Algo que um dia
Não se perca, mas se leve
Nem tão leve
Tampouco pesado
Simplesmente arriscado!

300309

Surdas carcaças de pensar
Eu vejo a hora de você passar
E minhas mãos lentas
Abraçarem apenas suas sombras
Vagando na lembrança
De um sepulcro de futuro

Paro em meio ao trânsito de idéias
Sem dar sinal, sem matéria
De tudo o que passa pelo céu cinzento
De véu e garôa quase pó
Para que quando o vento passe
Espalhe o meu eu entre teus pés

Um reles expectador
Compositor de uma direção
Guiada às vias que sempre levarão
A teu corpo d'onde a luz bate
Ao meu corpo que o amor refelte.

280309

De pernas para o ar
As coisas soam como um voo
Passam pelos olhos
Como quem está numa pipa
E ninguém sabe quem segura

Vor, voar
Chegando ao topo das nuvens
Alpinista para o firmamento
Sem paredes para escalar
Voar, voar...

O mundo passa vorazmente
Sem dar tempo de absorvê-lo
Tudo passa como um voo
Passa pelos olhos numa pipa à jato
Entre o chão e o firmamento

Voar, voar
Até o topo nem sempre é possível
Nem linhas, nem paredes
Mas a força do infinito
Faz a pipa pôr os pés no chão

Subir, subir
Sem vento ou contra ele
Ir até o mais alto ponto
Sem tirar os pés do chão
Nem ser o ponto final.

280309

Meus olhos olham fundo
Eu vejo o mundo
E um futuro radiante
Do presente não sei nada
Nada mais além
Que ando

O peso das rotações
Em si e a tudo
Todo em minhas costas
Eu quero ir muito
Ir muito além
De uma cadeira na varanda

Meus olhos olham rente
De uma vida, um horizonte
E um caminho surpreendente
De roçados e "bóias" nem sempre frias
Eu também ouço do incerto
E sinto certamente que vou chegar

Peço apenas
Um punhado do perdão
E aceito qualquer desculpa
De vento ou de coração
Pela falta e excesso de mãos
Mas reconheço precisamente
O ombro macio qual almofada
Deixando livres, nessa jornada
Assentos pra quem quer que chegue
Num expresso de direções

270309

Suavemente
O espaço aguarda silencioso
No vácuo de sua respiração
A explosão programada
Os cintilos expectadores
De uma nova evolução

Está tudo à sua espera
Como sempre esteve
Como nunca se esperou
O vácuo abre uma brecha
Para o ar passar
Um ponto em fervilho
Explode universal

Suavemente
É supernova
É novo brilho sideral
O tempo passa
Hoje é estrela
E amanhã?
Suavemente uma lembrança?
(O que quer que seja ainda brilha)

Eu vejo orvalhos
Gotas de sol
Gotas de tempo
Eu vejo o vento
Evaporando
Cada segundo úmido
Eu vejo o rair dia a dia

Eu ouço orvalhos
Toques de sino
Sons que invento
Eu ouço teclas
Como quem vê degraus
Como quem rouba a cena
Eu ouço da saudade a voz

As folhas sao as mesmas
Toda manhã
O que muda são as gotas
Do orvalho
De sol
De tempo
Que se resumem no mesmo ramo
Em pingos de sentimento
Um jardim de saudade
Eu vejo...
Eu faço passar o tempo
Ao acordar toda madruagada
Expressados continuamente
Em lágrimas de orvalho.

A Bruno 180309

Não jogue suas cartas fora
Nem as deixe soltas na mes
Para proferir o que não se é
Não ainda
Não quero nunca

Olhe todos os lados e cantos
Deste cubo de tantos detalhes
Mas não desperce seu latim
Nem o deixe solto no ar
Não jogue futuro no presente mutável

O que quero
É estar, é ser eterno
Tocar meu piano sem teclas
E desenhar o agora
Finalizando a arte
Do esboço que passou
Eu quero isso, quero aquilo
Quero um novo dia
Uma mesa nova
As mesmas cartas (a se jogar)
Não quero um jogo novo
Nem quero jogar
Eu quero estar
Ser eterno!

A Rômulo Bartolozzi 170309

Aquele brilho
Daquele chão
Ladrilhos que se vão
Em rumo perdido
Ofuscar o sentido
Opaca visão

Do eterno pisar
Na luz da construção
Ergue bandeira
Lê o discurso
Procura pela mão
Não andar sozinho

Aquele brilho
Daquele chão
Pisa em tudo
Pisa em mim
Queima tudo
Chão de mim
Eu ladrilho
Partido, pisado
Em pedaços
Sem direção!

Subi
Em uma bicicleta de vento
E pedalei
Através de caminhos escuros
Era o jogo que sempre desehei

No jogo
Que tanto saiu pela minha boca
Havia fortes e fracos
Altos e baixos
Sempre pendurados
Numa linha patamar

Encostas, montanhas
Caminhos rochosos de trepidação
Relvas de verde suposto
Pedalei
Através de caminhos escuros

A bicicleta de vento
Jogava
Pedalava por onde ia a corrente
E sempre caminhos escuros
Não sei dizer por onde pedalo
Sei dizer apenas como fazer (e como fazer)

Caminho
Por lugares escuros
No jogo da bicicleta
Vivendo entre fracos e fortes
Eu sou forte na ignorância da escuridão

O vento pára
A bicicleta é luz
Não mais caminhos escuros
O jogo vira, o mundo cai
O tempo escaço
No jogo: eu sou o fraco.

020309

Pregões
Anúncios
Manequins
E o monte de areia
Sem ter
Onde se enfiar
O mar
Predileção que salva
Os arredore ôcos
Bebem côco levianamente
E minha mente
Em guerra de gritos
E minha boca
Calada como um siri.

080209

Já tens minha alma
Te dou minha mão
Todas as vidas
Uma vida somente
Não no eterno da mente
Eternamente presente

Já tens o órgão esquerdo
Te dou mei peito
Direito também
Por inteiro
Para quando a fadiga chegar
Teu canteiro

Não quero histórias
Nesse mundo plural
Nossa história é singular
O abstrato é secular
E o concreto passa
Está passando
Desde quando
Segure forte minha mão.

A Bruno
050309

Eu vejo um mundo
Me vejo mudo
Completamente de costas
Rasgado do avesso
Eu vejo um começo
Com dores reais
Necessariamente viscerais

Eu vejo a toca
Totalmente desprotejida
A ausência de vida
Adentro da escuridão
Não há saída
O túnel é correnteza
As ondas acenderão

A luz
Se fará infinita
Dendtro da linha
Da escuridão
Eclodirá
Milhares de feixos de luz
E o escuro se transformará
Num ponto que um dia dois
Amanhecerá!

A Bruno
030309

I

Ontem eu chorei
Após o corte
Profundo
Muito fundo
De palavras virgens
Tão frias

Assim como as lágrimas
Desci à consciências
Pensamentos vários
Para angariar
De onde vinha
Tanto pranto

Não vinha do tal corte
Mas tal como ele
Doía fundo na mente
Profundamente
Eis o ponto-chave
Do mundo: A mente!
_____

II

Hoje nasceu um sol
Do peito aberto meu
Irradiando o que estava
Escondido, resguardado
Guardado de mim mesmo
Cada raio um detalhe
De erros e dores
Acertos e curas
De curvas mal viradas
Sempre a caminho
De uma mesma direção

Hoje nasceu um dia
Ímpar em suas certezas
Certos das minhas
Clarezas do presente
Sombras do futuro
Fantasmas de um passado
Marcado de tombos
Onde o único passo
Que se sabia andar
Era o tropeço
Para o futuro chegar
_____

III

Ofegante
Após a pausa
Para o decisivo
Respiro vital
Claramente...

É dadoo o tempo
Afilada trajetória
Recobra o senso
E vive a glória
De cada coisa a seu tempo!

Pontua
Interroga
Exclama
A trama em 3 tempos:
Recomeçar!

I - 240209
II - 250209
II - 270209

O túnel
Um tango
A queda
Um estouro
Tudo o que cai
Tende a parar
Num determinado
Ponto
Num determinado
Lugar

A pauta
Uma caneta
O braço
Uma escrita
Tudo o que rola
Tende a riscar
Num determinado
Plano
Num determinado
Rolar

São os artigos
Definidos
Que supõem objetiivar
São os indefinidos
Artigos
Que Subjetivam o olhar.

110209

Os dias
Frios
Como lâminas da indesejada
Cortam o tempo
E ordenam ao vento
Entregar em fatias
As lembranças
Momentos do que se passou

Os dias
Obrigatórios
Como correntezas fugidias
Levam a diante
O que ainda resta
E ficam as ondas
Do que ainda está por vir
Em outros dias frios.

040209

Nem de joelhos
Nem adorador
Percebo o semblante redentor
Do que desde a gênese
Gênese está

E não será
Com um punhado de caminhos
Que o cerne deste encanto
Se perca no músculo
Há a força da linha maior

Haverá sempre a desculpa
Acompanhada pelo desejo
De uma verdade mais verdadeira
E no punho
O perdão pré-fabricado

A se fazer lacaio
Ase portar senhor
Só de joelhos
Somente adorador
Dos teus encantos únicos e eternos.

A Bruno
040209

O vento
Nada mais
Que um instrumento do tempo
Do tempo
Que passa
Que climatiza
Simbloliza "n" caminhos

O vento
Nada mais
Que um movedor de moinhos
De cataventos
Que passa
REpassa
Deixando a sua mensagem

O vento
Nada mais
Que um mensageiro de si
Da vida
Que passa
Em frente
Mesmo encontrando seu fim...

Como o vento.

020209

Entre flores & frutos
Eu sou o ventre
A sui generis
Dessa força motriz
Dessa luz que oras
Acende, oras apaga
Como quem toca
Um interruptor

Entre fomes & sedes
Sou a necessidade
De todas as necessidades
ôrgânicas & virtuais
Eu sou o cais dessas veredas
Entre córregos da vida
Margens assoriadas
Navegadores de matriciais

Que se afunde
Que se desnude
E que chegue o desespero
Que tome conta
Que faça a ponta
Deste enrome nevoeiro
Senhor das brumas,
Sou eu!

As tenebrosas almas sujas
Tão sujas que sua aura
Retém o vil das palavras
Que saem em filtro bagunçadas
Perturbando outr'alma pura

Pois passo tão firme dado
A voar de encontro à bonança
Tropeça a vagar pelo espaço
Nem tão vazio, nem tão escasso
Pois na sombra a luz vem como esperança

E não tarda se as rédeas a mão segura
Passo a passo, frente a frente como seja
Seguindo a direção que se almeja
De soslaio uma curva a diante

O que às vezes soa certo e necessário
Toma o rumo de que tudo está errado
Sendo o correto parecendo duvidoso
Já que tudo se acerta com o futuro.

As palavras que ela falou

Não foram ditas

Foram proferidas

Pois a hora já chegou

*

Virar o disco

Deixar a vitrola rodar

Na rotação normal

Basta um botão apertar

*

A profetiza

Não é do mar

Não é do céu

É da terra

É sangue meu.

***

A tia Diomar

RJ/Galeão, 31122008

Todo homem tem seu vício:

O velho a sua dor

Seja onde for

A esposa de limpeza

Inclusive no pós mesa

O bom marido a serenidade

Mantendo o amor na eternidade

Os bons filhos a obediência

Para os pais manterem a paciência

*

Ao cientista a ciência

Para sempre descobrir

À criança a alegria eterna

Contaminando a outrém sorrir

Ao bom empregado a subserviência

Para suas necessidades suprir

*

todo homem tem um vício

Para seu suplício sanar

Para toda situação chata, paciência

E no ciclo do vício se afogar

*

Todo homem teu seu vício:

A dor seu sofredor

O poeta seu papel e caneta

O firmamento o sol, a lua e as estrelas

E as nuvens a passear

A solidão o cigarro amigo

A música suas notas e os ouvidos

E a eternidade o tempo

Para nunca terminar

E no infinito findar.

***

Guarujá/SP, 28122008

Da corbetura de um 4° andar

Vejo um pedaço de serra

A tempestade segura no ar

As vozes da rua adentro da janela

*

E meus pensamentos

Voando em sonhos a cultivar

Avistam do alto a vida de bem

Aterrissa da real dificuldade

Taxiando no pé de uma escadaria

Por qual degrau começar?

*

Eu vi o mar

Perdido nas linhas e entrelinhas

Da claustrofóbica caixa gigante

De concretos óbvios da atualidade

*

Aspiro e bebo venenos

Na busca de rimas que me faltam

A chuva cai fina em clima ameno

E tudo está no primeiro dito

E tudo está em nada

E está também no refrão.

***

Guarujá/SP, 26122008

Sem volantes na mão

Me dirijo a outro rumo

Em contra-mão

E a favor do pretérito

Eu sempre me dirijo

*

Com lenços e documentos

Me dirijo mais uma vez

Estradas nunca vistas

Em rumo a laços

Ainda desconhecidos (esse é meu rumo)

*

E eu sempre me dirijo

Sem volantes na mão

Sem conhecer bem os caminhos

Com aquelas únicas certezas:

Do peito pulsando e do desconhecido.

***

Rezende/RJ, Estrada pra SP, 22122008

As tempestades

São lágrimas guardadas

Rasgadas através do peito

Sangue salobro e transparente

Percorrendo o seio da face

*

Tempestades tambem são

Um espirro de anúncio

Que após tão turbulento prenúncio

De raios e sons intrigantes

Chegarão dias claros e radiantes

*

Eis um feixe

De um raio de sol que escapa

É um novo começo que chega

De um pedaço de caminho

Que acaba

*

Para toda porta fechada

Outras tantas abertas

Em qualquer janela há frestas

Saber apenas o certo momento

O qual se deve passar.

***

RJ, 20122008

Onde está o meu ventilador

Barulho rotineiro

Toda noite um acalanto

Na engenharia mecânica secular

*

Cadê meu celular

Que muito mais que falar

Era ouvir os meus arquivos prediletos

Companheiros eternos que não estão aqui

*

Para onde foi a minha vida

Ou o que já foi já não se é

Um livro de páginas viradas

Que não se pode rebobinar.

RJ, 181208

Minha roda gigante parou

E do topo do mundo

Eu vejo tudo

Às claras

Passado a limpo

De que a vida

É uma roda-gigante

Como a minha alma

Ora dá um giro

Ora tudo está em baixo

Ora tudo está em cima.

Rj, 18122008

As minhas casas são de campo

Eu me lembro

Eu me lembro muito bem

Que toda vez que eu chorava

Chovia, chovia

Tempestade de ilusões e pensamentos

E eu ia, ia

Pondo tudo no papel

*

As minhas tangas são de seda

Eu sentia

Eu sentia desde o berço

A leveza de meus movimentos

Eu sorria, sorria

De conforto do meu ser

De ser eu, eu

Devia ser pintor.

Rj, 12122008

Um fio de gás

Passa por minha cabeça

E minh'alma

Inebria-se do volátil

*

Toda concretitude

Se faz material

E me abraça

Transversal do tempo

*

Eu quero um bonde

Um monte bem alto

Onde nada se afogue

E que se um dia chover

São lágrimas de não sei o quê

Eu quero a fé dos imortais

Eu quero amar

*

Uma faísca dadaística

Atravessa a escuridão

Onde haverá tempo

Para tudo se analisar

*

Tudo ao meu redor

Se traduz em universo

Do recôndito mais particular

Onde guardo intacto o verbo amar.

Rj, 11122008

No chão dessa sala

De qualquer sala

Eu me chego

A um aconchego sóbrio

e inebriante do 1° tropeço

*

Eu esquento os meus olhos

Do frio das coisas

Que hão por vir

Protejo meus pés das brasas

Que hão de me calejar

*

E mesmo diante

De toda a sombra que houver

Me entrego, me jogo e mergulho

Em qualquer copo de água gelada

As penas nao se molham.

Rj, 10122008

Eu quero a fé

De um copo d'água no deserto

As pernas do mundo

Abraçando minha cabeça

*

Eu quero uma mente

De mentiras reveladas

As conversas em seus lugares

E um raio ao meu redor

*

Não quero asneiras

Nem brincadeiras vãs

Quero respeito

Nem quero desrespeito

À minha vontade dúbia

Quero a volúpia

De crer no que eu quiser

Na medida do possível

Não quero um sim

Muito menos um não dá mais

Eu quero paz.

Rj, 07122008

Quando as aves assobiam

Anunciando o raiar do dia

Um homem acorda

Anunciando seu despertar

Com um assobio matinal

*

Pela janela as árvores em frente

Avista os pássaros nos galhos contentes

E cá, no piso frio de madeira

Procura em si o melhor galho

É chegada a hora do primeiro salto!

Rj, 06122008

A solidão é um sopro frio

Qual clima abaixo de 20°

Um ser humano em meio a tantos

Nenhum outro em meio a pombos

*

Sobe qual lava fervente

Como água pós café

Desce quente de desejos controlados

Por uma partícula etérea

Nem vento, nem lava: letras.

Rj, 06122008

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